Resenha: Menino de Engenho

Nome: Menino de Engenho
Autor: José Lins do Rego
Editora: José Olympio
Preço: 25,00 (Saraiva)
Nota: **** (Ótimo)


Sinopse: Menino de Engenho conta a história de Carlos, um menino órfão, que aos quatro anos de idade perde a mãe assassinada pelo pai, devido a uma loucura incontrolável. Mediante esta situação, Carlinhos é levado pelo tio Juca ao engenho do avô materno José Paulino - o Santa Rosa. No engenho, Carlos conhece tia Maria, moça de coração bom, generosa e atenciosa que procura suprir com amor a ausência da mãe de Carlos. Além de tia Maria, ele conhece também a tia Sinhazinha, uma mulher velha, com aproximadamente sessenta anos e que implicava com tudo. Todos os empregados da casa tinham que cumprir suas ordens e respeitar suas crueldades. Longe dos olhos de tia Maria e na companhia dos primos, Carlinhos conhece um mundo cheio de aventuras, desigualdades sociais vividas pelos empregados do engenho, promiscuidade e desrespeito sexual. E foi neste ambiente desprovido de cuidados e atenção, que Carlinhos começa muito cedo sua vida amorosa, se apaixonando pela sua primeira professora, que logo foi substituída pelas primas. Fascinado com a liberdade da vida que gozava no engenho, Carlos se encanta com as mulatas, filhas dos empregados do avô. Com elas aflora para uma vida sexual precoce e aos doze anos de idade, contrai gálico de uma delas, tornando-se o assunto da região. Totalmente sem limites e sem educação, Carlos preocupa seu avô, que não encontra outro caminho a não ser encaminhá-lo para um colégio - o lugar o qual o tornaria um verdadeiro homem. -

Resenha: Menino de Engenho é uma das obras de José Lins do Rego, que representa a Segunda Geração Modernista nos anos de 30, mostrando a época da Cana-de-Açúcar (no caso o romance esta no ciclo da Cana-de-Açúcar). Carlinhos é um garoto precoce por demais. Desde cedo foi submetido a perda de sua mãe ocasionada pelo próprio pai que teria possíveis problemas psicológicos. José realmente quis mostrar a vida torturante e exorbitante do engenho no interior, por isso manda Carlinhos para a casa de Santa Rosa, seu avô por parte de mãe, José Paulino. Lá conhece a irmã mais nova de sua mãe falecida, Maria e a Tia Sinhazinha, uma velha extremamente arrogante e chata que incomoda todos de lá. Na companhia de Tio Juca, Tia Maria e de seus primos, Carlinho conhece todo um mundo novo no engenho, sobre os homens de engenho. O autor exprimiu, assim como a definição do Modernismo, o verdadeiro lado daquela região, propicia a secas e alagamentos, ao sexo e suas perversões, aos negros que estavam abolidos e pequena parte da imigração, conseguiu o que queria, mostrar o sofrimento de muitas famílias que viviam naquela época e precisam sobreviver do campo. A cana, uma das principais personagens, é totalmente idolatrada por eles naqueles anos... sem ela não havia um sustento melhor.
                 O romance realmente fica mais emocionante a cada passada de página, ele te prega a cada palavra usada, com o uso da linguagem coloquial da época. É impressionante que ele descreve a falsidade e o tesão que os personagens sentem no amor e na partes que tocam o lado malicioso do leitor. Ele idealiza também um fato super importante, que é precoce vida do amor, um exemplo, Carlinhos e Nega Luíza ou Zefa Cajá. Um ponto também muito importante é fato da seca que é logo substituída pelas chuvas longas e o enchimento do Riacho que contribui, mas por pouco tempo. E por fim a ida de Carlinhos ao colégio para se endireitar.
                 Creio que José Lins do Rego foi infinitamente impessoal e informal, o que deixou a história inteiramente criativa e emocionante.
                 "Os sonhos de um menino apaixonado são sempre os mesmos. Acordei-me, porém, com a primeira angústia de minha vida. Os pássaros cantavam tão alegres no gameleiro, porque talvez não soubessem da minha dor. Senti nesse meu despertar de namorado um vazio doloroso no coração. E chorei ali entre os meus lençóis lágrimas que o amor faria ainda muito correr dos meu olhos."